*Por Flaviane Calônego
A crescente popularidade do jejum intermitente tem levantado muitas dúvidas sobre seus efeitos no organismo. Um dos fatores que trouxe o assunto à tona foi o sucesso do documentário “Coma, jejue e viva por mais tempo” e do livro “A dieta dos dois dias”, que foi best-seller no Brasil em 2013, ambos do jornalista britânico Michael Mosley. Ele experimentou o jejum intermitente e em suas obras informa os resultados.
Jejuar é uma prática milenar e suas motivações passam pela purificação espiritual, busca por emagrecimento e a autodisciplina. Com o aumento de reportagens acerca do tema e do número de celebridades que aprovaram a dieta, houve um retorno dessa prática. Apesar de parecer moda, essa dieta é bem mais séria do que se imagina. O novo jejum intermitente é um tipo de jejum programado que surge com o intuito de melhorar a saúde e não a estética. Ele pode ser definido pela privação parcial ou total de alimentos em intervalos.
Sua vantagem é fazer com que a pessoa encare melhor a reeducação alimentar sem que ela ao menos perceba que já está realizando. Segundo pesquisadores americanos do National Institute of Health e da University of Southern Califórnia, esse jejum promove ainda uma maior longevidade, pois reprograma o metabolismo e suas vias de resistência. Seus reais benefícios à saúde são a maior oxidação ou queima de gordura, a diminuição de colesterol ruim (LDL), a redução dos níveis de insulina, a redução do estresse oxidativo, a melhoria da motilidade intestinal, a diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial e a redução de apetite e desejos por doces. Além disso, a dieta retarda o envelhecimento e previne doenças como a obesidade.
Diferente do que muitos acreditam, o jejum intermitente não causa anorexia nem perda de massa muscular, se orientado por um profissional capacitado. Ele pode, pelo contrário, aumentar o nível de massa magra do corpo, melhorando a composição corporal, uma vez que eleva a produção de hormônios do crescimento (gH). Porém, nem todos organismos se adaptam bem à dieta. Em alguns casos, ela pode estimular a compulsão alimentar em pessoas com histórico de anorexia ou bulimia, por exemplo. Grávidas, lactantes, crianças, pessoas com diabetes ou insulino dependentes, pessoas em circunstância de alto estresse e esportistas de alta performance também não são indicados para esse tipo de dieta.
Os principais modelos do jejum intermitente que têm base científica são o protocolo Leangains ou 16/8, com janela de alimentação de oito horas e período de jejum de dezesseis horas; o protocolo Eat- Stop- Eat (Coma-Pare-Coma), que envolve 24 horas ou até 36 horas de jejuns, uma ou duas vezes por semana e a 5:2, que permite que você coma normalmente cinco dias da semana com uma alimentação saudável, enquanto restringe o consumo de calorias para 500-600 durante os outros dois dias. É importante deixar claro que para cada paciente há uma orientação médica correta das janelas de alimentação, dependendo de seu hábito alimentar, rotina e perfil genético.
*Flaviane Calônego é nutricionista clínica especializada em metabolismo humano pelo Hospital das Clínicas (RS). Seu trabalho tem foco em emagrecimento, nutrição esportiva, longevidade e hipertrofia. Hoje atua na Soulleve Fitness- Clínica do bem estar, em São Paulo-SP.
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