A Acadêmicos da Asa Norte, atual tricampeã do Carnaval do Distrito Federal, lamenta profundamente o que aconteceu nessa terça-feira, 25, no evento “Brasília 60”, organizado pelo GDF, quando teve sua apresentação, que encerraria a festa, cancelada no exato momento em que subiu ao palco, frustrando não apenas seus componentes, mas o público que permaneceu até aquele momento para assistir ao espetáculo.
Pela programação oficial do evento, que foi modificada na véspera da apresentação, a Acadêmicos da Asa Norte entraria no palco às 20h30. Às 19h30, a Escola já estava concentrada e preparada. Fomos informados, então, que um evento do próprio DF teria causado atraso na programação de quase duas horas. Ainda assim, permanecemos pacientemente à espera, mantendo o astral e a energia para apresentar o melhor espetáculo para o público.
Por volta de 22h, quando finalmente iríamos nos apresentar, com bateria, passistas, casais de mestre-sala e porta-bandeiras, músicos e intérpretes prontos para iniciar a apresentação, fomos informados já no palco que não poderíamos mais nos apresentar pois o efetivo da Polícia Militar iria se retirar. A explicação é que teriam sido escalados para trabalhar até as 22h. Era uma ordem vindo da Secretaria de Segurança Pública. Os profissionais contratados pelo GDF – brigadistas, seguranças, socorristas, entre outros – também teriam sido contratados até as 22h. Isso tudo, aparentemente, à revelia da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do próprio GDF.
Enquanto tentávamos contornar a situação, o público olhava para o palco apreensivo e atônito com o que acontecia, algo nunca visto no nosso Carnaval. Era apenas uma questão de justiça e de bom senso, já que a responsabilidade pelo atraso foi do GDF e que eram necessários apenas 30 minutos a mais.
Apesar dos seis anos consecutivos sem desfile de escolas de samba no DF, a Acadêmicos da Asa Norte mantém-se firme, com atividades e programação ao longo do ano, mesmo com todas as dificuldades que as agremiações carnavalescas enfrentam pela falta de incentivo. A ausência de desfiles desmobiliza instituições e pessoas, prejudica a visibilidade das escolas de samba junto à mídia.
O que foi proposto pelo GDF está longe de ser o que nós e o público desejamos. Uma apresentação de 30 minutos num palco não oferece nem de perto o espetáculo que é a passagem de uma escola de samba pela avenida! Ainda assim, investimentos não apenas dinheiro, investimos dedicação, suor, saúde e sonhos para que o público tivesse o melhor espetáculo possível. Nossos componentes deixaram de lado, muitas vezes, compromissos profissionais e familiares para estarem ali e proporcionarem sorrisos e alegria às pessoas. Afinal como escreveu Vinícius, “a gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho”. Isso tudo ruiu ontem, no palco, diante dos olhares incrédulos da plateia.
É extremamente difícil manter uma escola de samba neste cenário. Mas a Acadêmicos da Asa Norte permanece forte e leal aos seus compromissos com a sociedade. Não nos tornamos tricampeões e sinônimos de inovação e espetáculo à toa. E somos mais que isso! Somos reduto de resistência da cultura popular, somos moleque atrevido.
Cada um de nós continuará trabalhando muito para levar alegria às pessoas e manter viva a chama do samba, do Carnaval e da cultura brasileira! Convidamos a sociedade do DF a estar conosco nesta jornada. As portas da nossa quadra estarão sempre abertas!
Cheguem mais! Sintam-se em casa!
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