A virada veio quando ela tinha 17 anos. Ela se destacou em um concurso realizado pelo governo afegão, em um esforço para descobrir atletas do sexo feminino. Ela foi então contatada pela Federação Afegã de Atletismo, a qual lhe ofereceu a formação profissional da qual precisava. Nos três anos seguintes ela treinou do amanhecer ao anoitecer, conciliando com a escola.
Kimia ingressou na equipe do atletismo nacional no final de 2015 e competiu nos Jogos Sul-Asiáticos, realizada na Índia no início deste ano. Embora ela não tenha levado uma medalha para casa, seu desempenho impressionou a comissão organizadora da participação do Afeganistão nos Jogos Olímpicos.
Além de carregar a bandeira de seu país na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Kimia carrega também outra bandeira: a da luta contra as mudanças climáticas. Ela foi uma da primeiras atletas a aderir à campanha “1,5oC: o recorde que não devemos quebrar”, lançada na semana passada para conscientizar as pessoas sobre o limite para que aumento da temperatura média do planeta não se torne perigoso.
Ondas de calor, alterações nos padrões das chuvas, secas e inundações estão já desafiando terrenos e instalações esportivas em todo o mundo. A continuação do aquecimento global tem e terá cada vez mais impactos diretos sobre os esportes. Da prática esportiva comunitária ao esporte profissional e de alta performance, atletas, espectadores, organizadores e voluntários estão sentindo o calor e os impactos reais das mudanças climáticas.
Atletas, com base em sua própria experiência, têm grande legitimidade para fazer este alerta durante o maior evento esportivo do planeta. Por isso, eles são as estrelas das peças da campanha , que ficarão disponíveis em português e inglês no site do Observatório do Clima - http://www.oc.eco.br/
“Os dez últimos recordes de temperatura ocorreram neste século. O ano passado foi o mais quente desde o início dos registros e tudo indica que em 2016 teremos um novo recorde. Se continuarmos nesse ritmo, enfrentaremos problemas cada vez mais graves de abastecimento de água e produção de alimentos, além da maior disseminação de doenças provocadas por mosquitos, como a zika”, explica Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima – um dos organizadores da campanha, que surgiu a partir de uma ação em rede envolvendo o Observatório do Clima, o GIP, o iCS e a UNEP, além da Rede Globo, que está veiculando o filme de 30”graças à parceria com a área de responsabilidade social no âmbito da plataforma Menos é Mais, de mobilização social sobre sustentabilidade e consumo consciente.
“Mesmo o aquecimento atual, de cerca de 1oC, já está causando mortes, doenças e prejuízos no mundo inteiro, em especial nos países em desenvolvimento, que menos podem se adaptar”, destaca Ana Toni, diretora do iCS, lembrando que somente no Brasil os prejuízos por desastres naturais entre 2002 e 2012 foram de R$ 278 bilhões em média.
Diversos países, como Kiribati, Maldivas e Tuvalu, regiões costeiras como o Delta do Mekong, a Flórida e o sul de Bangladesh e cidades costeiras como o Rio de Janeiro estão entre os que serão mais atingidos pelas conseqüências das mudanças climáticas.