sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ministro do Meio Ambiente defende meta de 1,5oC para o combate às mudanças climáticas

O ministro brasileiro do Meio Ambiente defendeu a meta de 1,5oC como limite para o aquecimento global. Durante discurso em evento sobre Olimpíada e Mudanças Climáticas realizado na manhã de quinta feira (28/07), no Rio de Janeiro, José Sarney Filho manifestou-se favoravelmente à posição que foi defendida por mais de 100 nações durante as negociações que culminaram no Acordo de Paris: ultrapassar o limite de 1,5oC não é uma opção segura para a humanidade. 

 “Na luta contra a mudança do clima não temos opção senão vencer.  Por isso reitero e renovo o compromisso do nosso ministério de dar pleno cumprimento ao Acordo de Paris e fazer todos os esforços para que globalmente sejamos vitoriosos em limitar o aumento da temperatura em 1,5 grau. Meio grau pode parecer pouco. Mas para muitos pode significar a sobrevivência”, declarou Sarney Filho.  “O foco daqui em diante deve ser a implementação com esforço para ir além das metas declaradas e para encurtar os prazos.  Alcançar uma redução ambiciosa de emissões não é uma mera intenção, é uma necessidade”, completou.
“As palavras do ministro Sarney Filho em nome do governo brasileiro, pela primeira vez tratando o limite de 1,5o C como a meta a ser buscada e vê-lo reconhecer que isso requer esforço maior do que as metas dos países para o Acordo de Paris, representam um avanço importantíssimo”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Devemos esperar, portanto, que o governo brasileiro passe do discurso à pratica e não apenas assuma compromissos mais ambiciosos do que aqueles que já apresentou, mas, principalmente, que torne a ação climática um pilar fundamental de nossa agenda de desenvolvimento.”
O Ministro Sarney Filho também defendeu o fortalecimento das políticas ambientais:
 “Para conseguirmos criar uma economia de baixo carbono até meado do século que de fato limite o aumento da temperatura em no máximo 1,5 em relação à era pré industrial precisamos fortalecer as políticas ambientais. Elas não podem ser vistas como entraves ao crescimento econômico, mas precisam ser encaradas como uma verdadeira solução para termos um padrão de desenvolvimento sustentável com inclusão social e respeito ao meio ambiente”, acrescentou.

 Os prejuízos que as mudanças climáticas já estão causando ao Brasil também foram lembrados pelo Ministro:
 “Somos um país-continente. Já sofremos fortes impactos da mudança do clima como aumento das cheias e as secas cada vez mais extensas e  extremadas no Nordeste. Nossos rios sofrem com falta de água. Nossas matas sofrem com queimadas que são ampliadas pelo câmbio climático.  Temos muito que fazer se quisermos de fato criar uma economia sustentável e de baixo carbono”, destacou o ministro, que foi também um dos primeiros a aderir a campanha 1,5oC, que foi lançada  pelo Fórum das Nações Vulneráveis, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o Observatório do Clima e o Instituto Clima e Sociedade (iCS). 
 O Ministro do Meio Ambiente saudou a aprovação do Acordo de Paris pela Câmara dos Deputados.  
“A pronta ratificação do acordo será um forte sinal à comunidade internacional do nosso empenho e compromisso com a redução de emissões e adaptação à mudança do clima”, explicou.   “Somos solidários com os países que, embora não tenham contribuído em nada para gerar o problema climático, sofrem de forma desmesurada os seus efeitos”, completou.
“Reafirmo a importância do enfrentamento resoluto e ambicioso da mudança do clima, uma medida indispensável para assegurar nosso caminhar em relação ao desenvolvimento sustentável”, afirmou o Ministro. “Nosso projeto de desenvolvimento é um projeto de Estado que encontra respaldo em toda sociedade”, destacou.  “Temos reiterado nossos compromissos em adotar políticas e ações em todos os níveis – federal, estadual, municipal - para cumprir com a agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.  A erradicação da miséria e melhor qualidade de vida e oportunidade de trabalho permanecem nossa prioridade absoluta”, salientou. 
 O debate sobre Olimpíadas e Mudanças Climáticas contou também com a participação de Denise Hamú (PNUMA), Martin Raiser (Diretor do Banco Mundial no Brasil), Ana Toni (GiP), Carlos Ritll (Observatório do Clima), Max Edkins (Connect4Climate, Grupo Banco Mundial),  Ann Duffy (Vancouver 2010), David Stubbs (Londres 2012), Shigueo Watanabe Junior (Instituto Escolhas), Tania Braga (Rio2016), Nicoletta Piccolrovazzi (Dow Chemical), Denis Bochatay (Quantis) e Braulio Pikmann (ERM). O evento foi realizado no Museu do Amanhã com apoio do próprio Museu, do comitê Rio2016 e do Observatório do Clima.



Campanha pelo clima é lançada durante a Olimpíada do Rio


Às vésperas do maior evento esportivo do planeta, quando é esperada a quebra de muitos recordes, atletas de todo o mundo unem-se para alertar sobre o recorde que não deve ser ultrapassado: 1,5oC.  Esse é o limite para que aumento da temperatura média do planeta não se torne perigoso. 

A campanha pelo clima que tem início nesta sexta, 29, com a veiculação de um filme de 30 segundos pela Rede Globo, faz alusão à união entre todas as nações que é necessária para atingir o objetivo de controlar o aquecimento global, bem como ao impacto que frações de um grau de aumento da temperatura podem ter sobre pessoas de todo o mundo. 
“Mesmo o aquecimento atual, de cerca de 1oC, já está causando mortes, doenças e prejuízos no mundo inteiro, em especial nos países em desenvolvimento, que menos podem se adaptar”, destaca Ana Toni, diretora do iCS, lembrando que somente no Brasil os prejuízos por desastres naturais entre 2002 e 2012 foram de R$ 278 bilhões em média.
 Ondas de calor, alterações nos padrões das chuvas, secas e inundações estão já desafiando terrenos e instalações esportivas em todo o mundo. A continuação do aquecimento global tem e terá cada vez mais impactos diretos sobre os esportes. Da prática esportiva comunitária ao esporte profissional e de alta performance, atletas, espectadores, organizadores e voluntários estão sentindo o calor e os impactos reais das mudanças climáticas.

Atletas, com base em sua própria experiência, têm grande legitimidade para fazer este alerta durante o maior evento esportivo do planeta.  Por isso, eles são as estrelas das demais peças da campanha “1,5oC: o recorde que não devemos quebrar”, que ficarão disponíveis em português e inglês no site do Observatório do Clima - http://www.oc.eco.br/umpontocinco/ - para favorecer o engajamento das pessoas.   Diversos participantes da Olimpíada aderirão à campanha ao longo da realização dos jogos no Rio.  Nas redes sociais, os usuários poderão customizar a foto dos próprios perfis com mensagens da campanha.
 “Os dez últimos recordes de temperatura ocorreram neste século. O ano passado foi o mais quente desde o início dos registros e tudo indica que em 2016 teremos um novo recorde. Se continuarmos nesse ritmo, enfrentaremos problemas cada vez mais graves de abastecimento de água e produção de alimentos, além da maior disseminação de doenças provocadas por mosquitos, como a zika”, explica Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima – um dos organizadores da campanha, que surgiu a partir de uma ação em rede envolvendo o Fórum das Nações Vulneráveis, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o OC e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).  
A veiculação do filme pela Rede Globo é uma parceria com a área de responsabilidade social no âmbito da plataforma Menos é Mais, de mobilização social sobre sustentabilidade e consumo consciente.

Diversos países, como Kiribati, Maldivas e Tuvalu, regiões costeiras como o Delta do Mekong, a Flórida e o sul de Bangladesh e cidades costeiras como o Rio de Janeiro estão entre os que serão mais atingidos pelas conseqüências das mudanças climáticas.



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